Para ajudar o leitor, separei 10 itens que considero essencial para auxiliar o investidor nesse processo inicial de estudo e análise de uma ação.
1. Lucros:
Se você não tem ideia por onde começar a analisar um papel, recomendo que inicie olhando seus lucros.
Se uma empresa é capaz de gerar ganhos consistentemente por longos períodos, é sinal de que possui um negócio com alguma das seguintes características: boa gestão, produto/serviço de difícil substituição, vantagens competitivas, ou até mesmo todos eles juntos. Nunca se esqueça, uma ação não é um bilhete de loteria, ela é a menor parte de uma empresa.
2. Índice P/L:
Um dos índices mais comuns ao avaliar ações, o P/L (relação Preço/Lucro) costuma ser utilizado para verificar se os papéis de uma determinada empresa estão baratos ou se estão caros. Quanto menor este número, melhor, contanto que seja positivo. Ao comparar empresas com P/L iguais e taxas de crescimentos diferentes, avalie também o PEG Ratio.
3. PEG Ratio:
Criado por Peter Lynch, este índice é utilizado para comparar ações com taxas de crescimento distintas. A fórmula consiste em dividir o P/L pela taxa de crescimento.
Lynch afirma preferir comprar uma ação que cresce 20% ao ano com um P/L de 20 do que uma empresa que cresce 10% ao ano com um P/L de 10.
Quando o PEG Ratio é maior que 1, o papel é considerado supervalorizado, e quando é menor que 1 é considerado atrativo para a compra.
4. Liquidez:
Indica o quão rápido você consegue converter sua ação em dinheiro. Empresas com alto volume de negociação (Blue chips em geral), em geral permitem converter a operação de compra ou venda instantaneamente a um preço igual ou muito próximo do preço exibido no Home Broker.
No caso de empresas menos líquidas, a operação pode tardar alguns minutos a mais e nem sempre com o preço exatamente igual ao da tela do Home Broker.
5. Dividend Yield:
Parte do lucro pago aos acionistas. Trocando em miúdos, isso quer dizer dinheiro no bolso. Esse indicador é expresso em percentual. Por exemplo, se uma empresa tem um preço de ação de R$ 20 e paga um dividendo de R$1 por ano, seu rendimento de dividendos seria de 5%.
O acionista pode optar por reinvestir os dividendos em sua carteira de investimentos ou utilizá-los para complementar a sua renda mensal fazendo frente aos seus gastos.
6. Fluxo de Caixa Livre (FCL):
É a capacidade da empresa de gerar caixa para os seus acionistas. Revela o fluxo de caixa disponível para a empresa pagar os credores e/ou remunerar os investidores via distribuição de dividendos e pagamento de juros sobre capital próprio. Quanto maior o FCL melhor.
7. ROE (Return on equity):
É calculado dividindo o lucro da empresa pelo patrimônio líquido (PL). Indica quão eficiente a empresa é em gerar lucros. Melhor ROE = Mais eficiência.
Digamos que a empresa MEPO S.A. possui um patrimônio líquido de 100 milhões e a BIOS S.A. possui um patrimônio líquido de 250 milhões.
Ambas as empresas geram 50 milhões de lucros anuais. Isso significa que a MEPO, apesar de ter menos dinheiro para trabalhar, se mostrou mais eficiente porque gerou um ROE de 50%. A BIOS apesar de ter mais dinheiro para trabalhar se mostrou menos eficiente gerando um ROE de 20%.
8. Margem líquida:
Medida de rentabilidade da empresa. Calcula-se dividindo o lucro líquido da empresa pela receita. Quanto maior, melhor. É expressa em porcentagem e basicamente calcula quanto da receita de fato fica na empresa como lucro.
Imagine uma pizzaria onde, para cada 10 pedaços de pizza vendido, duas se convertem em lucro líquido. Logo a margem líquida deste negócio é de 20%.
9. Recompra de ações:
Quando uma empresa decide recomprar as próprias ações em circulação e na sequência cancelar essas ações.
Imagine que a fictícia empresa MEPO S.A. gera $ 4 milhões de lucros para um total de 2 milhões de ações. Isso significa um lucro de $ 2 por ação. Digamos que a MEPO decidiu comprar 1 milhão de ações e cancelar em seguida. Agora temos um lucro de $ 4 por ação. Observe que o lucro por ação dobra.
Normalmente a recompra de ações é um bom sinal de confiança da gestão sobre os rumos da empresa e automaticamente gera valor aos acionistas. Entre alguns benefícios, pode levar ao aumento do preço dos papéis uma vez que os lucros são distribuídos para uma base menor de sócios, ou seja, é a mesma “pizza sabor lucro” para dividir com menos acionistas.
10. Entenda o negócio:
Faça o seu dever de casa, estude sobre a empresa, sua história, entenda como ela vende e produz lucro. Se você for capaz de explicar de maneira simples e rápida como a companhia opera, provavelmente está em um bom caminho para seguir com a decisão de comprar ou não.
Por último e não menos importante, ao utilizar os indicadores, é importante sempre compará-los com os pares do setor. A média de retorno, lucratividade, endividamento, dividend yield, entre outros, é, por exemplo, diferente do setor automobilístico e bancário. Logo para garantir a correta análise e interpretação o leitor deve assegurar que as comparações sejam sempre dentro do mesmo setor.
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