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Índice Ibovespa: o segredo revelado!

por | 16/10/23 | 0 Comentários

Hoje vamos falar sobre um dos principais indicadores do mercado financeiro brasileiro, o índice Ibovespa (ou simplesmente Ibov). Ele é o principal indicador de desempenho das ações negociadas na bolsa. Desde a sua criação, em 1968, o índice tem sido a referência para o mercado de ações no Brasil.

Se você acompanha notícias sobre economia e investimentos, provavelmente já ouviu falar do Ibovespa, no entanto, muitos podem se perguntar o que exatamente é o Ibovespa e qual a sua importância. O objetivo deste artigo é compreender o índice, como ele é formado, quais são as suas limitações e como o investidor individual deve realizar a leitura correta de sua carteira de ações versus o Ibov.

Composição

O índice nada mais é do que uma carteira teórica de ações. A cada quatro meses ele é reavaliado, ou seja, alguns papéis podem entrar e sair, e outros papéis podem ter a sua participação aumentada ou diluída. A carteira atual (Set-Dez 2023) possui 86 papéis, porém a concentração do Ibov é imensa. Cinco empresas (Vale, Petr, Itaú, Bradesco e B3) representam 40% do índice. Vale e Petr sozinhas representam 27% da carteira e são capazes de, sozinhas, puxarem o índice para cima ou para baixo, conforme demonstrado no gráfico abaixo:

Não bastasse a concentração nas empresas citadas, observamos, também, a concentração por setor. Vamos comparar com o S&P500, principal índice da bolsa americana:

As oito ações de maior peso do S&P500 representam 27% do índice, pouco mais que um quarto da fatia, representados por empresas do setor de tecnologia, com exceção da Berkshire. No Ibovespa, as oito no topo representam aproximadamente 47% do índice, praticamente metade do bolo, majoritariamente representadas pelos setores de commodities, com 27%, e serviços financeiros, com 17%.

A concentração excessiva do índice brasileiro é um dos itens que o investidor deve ter em mente sempre que analisar o Ibovespa. Lembre-se, quanto mais concentrada uma carteira, maior o seu risco.

Micos do Ibovespa

Ao pensarmos no principal índice da bolsa, talvez o primeiro pensamento seja que estamos falando também das melhores empresas para se investir. E de fato existem empresas de alta qualidade como Itaú, Weg e B3, apenas para citar como exemplo (favor não sair correndo para comprar, não é indicação).

Mas, à medida que esmiuçamos um pouco mais, encontramos empresas em situação pouco favorável, seja em aspecto de governança ou de desempenho financeiro. Do grupo que enfrentam dificuldades financeiras temos como exemplos a Magalu, Azul, Via Varejo e CVC. Do hall de empresas que apresentam risco de governança podemos citar a Eletrobras e a Petrobras, esta última com histórico recente de corrupção em larga escala que segue bastante vivo na memória da população.

Dê uma olhada você mesmo na composição do índice Ibovespa aqui. Será que você seria sócio de todas as empresas que compõem o índice?

É possível investir no índice Bovespa?

Não é possível investir diretamente no Ibovespa. Entretanto é possível investir em ETFs negociados em bolsa que espelham a metodologia do índice. No Brasil existe o ETF BOVA11 que tem como objetivo espelhar a composição do Ibovespa e consequentemente entregar o mesmo resultado.

Concluindo…

Colocados todos esses pontos, vale a pena refletir o quão relevante de fato é comparar a sua carteira (que possui um dado nível de risco) com o Ibov (que possui nível de risco diferente). Se a sua carteira de investimentos possui ampla concentração em ações ditas como defensivas (Ex: energia elétrica), ela possui um nível de risco menor que o Ibovespa e, automaticamente, é esperado menor nível de retorno. Qual seria exatamente o sentido da comparação? Por outro lado, se a sua carteira é um pouco mais diversificada entre empresas e setores, pode ser que possua um nível de risco mais alto que o Ibov e retornos que tendem a oscilar mais que o índice de referência, e aí, de novo, até onde faz sentido ficar comparando com o Ibov?

Em vez de simplesmente comparar sua carteira com o Ibovespa, os investidores devem considerar seus objetivos financeiros, níveis de risco e estratégias individuais. Investir é uma jornada pessoal, cada um joga o próprio jogo da vida, e o que importa no fim do dia é alcançar seus próprios objetivos financeiros de forma consciente e sustentável. Qual é o seu jogo?

(Apesar de estar apto a realizar recomendações de valores mobiliários, este não é o objetivo deste texto. Todas as ações mencionadas neste artigo são utilizadas com propósito educacional, não havendo nenhuma recomendação direta, indireta ou intencional de compra ou venda de papéis)

Resumo / Principais conclusões

• O Ibovespa é um indicador do mercado financeiro brasileiro e serve como referência para o desempenho das ações negociadas na bolsa de valores. Criado em 1968, é o principal indicador para o mercado de ações do Brasil

• Composição do Ibovespa: O índice é uma carteira teórica de ações que é reavaliada a cada quatro meses. A carteira atual (Set-Dez 2023) contém 86 ações, mas é altamente concentrada, com as cinco principais empresas (Vale, Petrobras, Itaú, Bradesco e B3) representando 40% do índice.

• Concentração por Setor: O Ibovespa também apresenta concentração por setor. Cerca de 47% do índice é representado por empresas dos setores de commodities e serviços financeiros, o que destaca a falta de diversificação do índice.

• Micos do Ibovespa: O Ibovespa inclui uma variedade de empresas, algumas das quais enfrentam dificuldades financeiras ou questões de governança. Exemplos citados incluem Magalu, Azul, Via Varejo, CVC, Eletrobras e Petrobras.

• Investindo no Ibovespa: Não é possível investir diretamente no Ibovespa, mas os investidores podem optar por ETFs (Exchange-Traded Funds) que replicam o desempenho do índice, como o ETF BOVA11, que segue a composição do Ibovespa.

Bernardo Abreu

Meu nome é Bernardo Abreu, sou formado em Administração de Empresas, com MBA em Finanças Executivas pelo IBMEC e pós-graduado na Wharton University da Pennsylvania em Serviços financeiros e tecnologia. Possuo experiência internacional em multinacionais, com atuação na gestão financeira de empresas do mercado Financeiro, infraestrutura e em meios de pagamentos.

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