Vamos voltar no tempo, mais precisamente no início de 2023. Imagine que eu te falasse que os seguintes eventos aconteceriam nos próximos 12 meses:
• O Copom reduziria a taxa de juros 4x, caindo a 11,75% a.a.
• O FED aumentaria suas taxas de juros 4x no ano, atingindo 5,5% a.a.
• Em pelo menos 9 meses a inflação viria abaixo do esperado.
• Previsões de especialistas sobre uma recessão global seriam generalizadas.
• A Americanas seria o centro de um dos maiores escândalos financeiros do Brasil.
• Três bancos de médio porte dos EUA entrariam em colapso, incluindo o terceiro maior fracasso bancário da história.
• A guerra na Ucrânia continuaria sem fim à vista.
• Uma nova guerra começaria em Israel, surpreendendo o mundo.
Se você soubesse que toda essa desgraça e tristeza estava por vir, provavelmente preveria que os investidores enfrentariam mais um ano difícil. No entanto, aqui estão os retornos totais atuais do mercado acumulados no ano (em 23/12):
• Ibovespa: +22% (máxima histórica)
• Nasdaq: +45% (a 7% da máxima histórica)
• S&P 500: +24,53% (a 0,56% da máxima histórica)
2023 foi um ano que reforçou aquela anedota de que Deus criou os economistas para dar credibilidade aos meteorologistas. Justiça seja feita, a capacidade dos meteorologistas de fazer projeções do tempo melhoraram com satélites e softwares de análises, já os economistas… Veja a mediana do boletim Focus em janeiro de 2023 em comparação a última previsão disponível em dezembro:
Se você estudar a história do mercado, verá que essa dicotomia aparece com frequência. Os mercados dispararam quando a economia parecia fraca e as projeções pintavam o fim do mundo, e despencaram quando parecia forte.
Isso ocorre porque os mercados são imprevisíveis. Sempre foram. Sempre serão. E esse é um aspecto que você não pode controlar.
Por outro lado, a tendência inegável de longo prazo do mercado é previsível: sempre para cima.
Serve como um lembrete para que você se concentre no único horizonte temporal que realmente importa: o longo prazo.
Isso não é fácil de fazer, especialmente em nosso mundo altamente conectado. Sempre há inúmeras razões para ser pessimista a curto prazo.
Mas a história mostra que é o otimista a longo prazo que sai vitorioso. Aqueles que conseguem permanecer investidos, permanecem no jogo tempo o suficiente para que a capitalização composta faça sua mágica.
2023 nos mostrou mais uma vez que investir pode parecer uma tarefa difícil, mas na verdade é mais fácil do que aparenta, por mais que a mídia e o bombardeio de notícias tentem nos convencer do contrário.
2024 está esquentando as turbinas, e já é possível ler notícias bastante otimistas sobre a Bolsa. O mercado de ações ainda não virou a chave para o clima de euforia típico de bull markets, mas quando isso ocorrer, você vai perceber que o otimismo será perpetuado nas manchetes, dando a impressão de um cenário em que tudo vai correr em uma linha reta ascendente.
É nessas horas que o risco é negligenciado, as torneiras do crédito fácil se abrem, e números recordes de IPOs são alcançados. E logo vem a correção, que machuca muitos que acabam entrando na hora errada (perto do fim da festa) e pelos motivos errados. Na retração da maré são pegos nadando de short branco com bolinhas vermelhas estampadas.
Lembre-se: o segredo está no equilíbrio, sempre.
Desejando a você sucesso nos investimentos em 2024.
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