O Itaú encerrou 2024 com chave de ouro, superando todas as metas do guidance com folga. O banco entregou mais um trimestre forte, com crescimento robusto na carteira de crédito, expansão da margem financeira e controle absoluto da inadimplência. Além disso, anunciou R$ 15 bilhões em dividendos e R$ 3 bilhões em recompra de ações, reforçando seu compromisso com os acionistas. Vamos aos números!
A margem financeira totalizou R$ 29,3 bilhões, um crescimento de 8,3% em relação ao ano passado. A maior parte veio da margem com clientes, que avançou no mesmo ritmo, refletindo dois fatores: expansão da carteira de crédito e melhora no spread bancário. Para se ter uma ideia da diferença no perfil de risco, o spread do Itaú foi de 8,6%, bem abaixo dos 10,5% do Santander, um reflexo do mix de produtos mais equilibrado do banco.
A receita de serviços trouxe números mistos. Enquanto gestão de recursos (+18%) e assessoria econômica (+7%) registraram avanços expressivos, a linha de cartões recuou 1,7% e os serviços de conta corrente caíram 4,5%. Esse último movimento já era esperado, pois faz parte da estratégia do Itaú de reduzir taxas para ganhar com produtos agregados. O destaque positivo ficou com a Itaú Asset, que se consolidou como a gestora que mais captou recursos no Brasil em 2024.
Se a carteira de crédito já vinha crescendo forte, no 4T24 o avanço foi ainda mais impressionante. O saldo total chegou a R$ 1,35 trilhão, um aumento de 15,5% no ano, crecimento que representa quase metade da carteira do Santander e mais do que o dobro da do Nubank. O crescimento foi mais acentuado na linha PJ (+17%), enquanto a PF subiu 7%.
A inadimplência, que já estava em um patamar satisfatório, caiu ainda mais. O índice acima de 90 dias fechou o trimestre em 2,4%, abaixo dos 2,8% do 4T23 e 2,6% do 3T24. Melhor ainda: a inadimplência entre 15 e 90 dias atingiu 2,0%, mínima histórica, indicando que os calotes acima de 90 dias devem continuar caindo nos próximos meses. O Itaú credita essa melhoria ao uso de inteligência artificial para avaliação de risco de crédito, reforçando seu pioneirismo em tecnologia bancária.
Com todos esses fatores, o banco bateu mais um recorde e registrou um lucro líquido de R$ 10,9 bilhões no 4T24, alta de 16% em relação ao 4T23, e um lucro líquido anual de R$ 41 bilhões, um salto de 18,2% versus 2023. Esse foi o maior lucro trimestral já registrado por um banco brasileiro, o equivalente a R$ 121 milhões de lucro por dia.
Cenário macroeconômico e o Itaú
O setor bancário é um reflexo do cenário macroeconômico, e o Itaú, como líder do mercado, navega com maestria nesse ambiente. Apesar da Selic elevada e do crescimento econômico ainda incerto, o banco tem conseguido expandir sua carteira de crédito com segurança, mantendo inadimplência sob controle e entregando lucros recordes.
Diferente de bancos em reestruturação, que podem enfrentar desafios para sustentar margens financeiras, o Itaú se beneficia de sua gestão eficiente, com um portfólio bem equilibrado entre crédito, serviços e gestão de investimentos, garantindo solidez mesmo em períodos desafiadores.
Ações baratas? O Itaú parece ter a resposta…
O mercado muitas vezes ignora o óbvio. O lucro do Itaú é 1,5x maior do que em 2019, os dividendos mais do que dobraram (+117%) e, ainda assim, o banco negocia a um P/L de 6,94x (ITUB3), bem abaixo da média histórica de 10,42x, conforme gráfico abaixo:
Para reforçar a mensagem, a empresa anunciou a recompra de 200 milhões de ações (~R$ 3 bilhões), sendo a maior parte para cancelamento, aumentando a fatia dos acionistas nos lucros e dividendos, e uma parte menor para remuneração do staff, aproveitando os preços descontados para alinhar incentivos de longo prazo.
Se até o próprio Itaú enxerga valor em recomprar suas ações, pode ser um bom momento para o investidor refletir sobre o que o mercado está precificando.
Caso você não entenda o poder deste tipo de programa, sugiro ler o meu artigo sobre recompra de ações e também o artigo sobre dividendos para entender o impacto da recompra no yield on cost.
Conclusão
Lucro recorde, guidance superado e inadimplência em queda. O Itaú segue consolidando sua posição como o banco mais previsível e eficiente do mercado. Ao mesmo tempo em que os fundamentos demonstram que suas ações estão baratas, será que você, pequeno investidor, tem a mesma percepção?
(Todas as ações mencionadas neste artigo são utilizadas com propósito educacional, não havendo nenhuma recomendação direta, indireta ou intencional de compra ou venda de papéis)
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